SCP-166

SCP-166 foi descoberto no Convento de Nossa Senhora da Misericórdia no Condado de Galway, Irlanda, onde viveu desde a infância. SCP-166 foi confirmado por um agente desertor da Coalizão Oculta Global como filha da Entidade de Ameaça 9927-Preto ("A Deusa"), também conhecida como SCP-████, que foi exterminado por uma equipe de assalto da GOC no que seria ser conhecido como Incidente Cornwall.

Entrada do Banco de Dados da Entidade de Ameaça

KTE-9927-Pretofilho "A Filha"

4 (Ameaça Severa)

A entidade de ameaça é a filha da encarnada LTE-9927-Preto ("A Deusa") e de um pai desconhecido. Embora seja muito parecido com sua mãe e compartilhe suas características animalescas, ela não tem a aparência bestial extrema de 9927-Preto. Possui habilidades clorocinéticas menores, mas a principal razão para a classificação da entidade de ameaça é o conhecimento instintivo e elegibilidade para decretar o Procedimento Oculto Clockwork Preto-filho Havilah, um trabalho ritual mundial que regrediria irreversivelmente a civilização humana aos padrões Neolíticos.

Equipe de Assalto "Lancelote" neutralizou 9927-Preto em 19██ na Inglaterra durante uma operação que mais tarde seria conhecida como o infame 'Incidente Cornwall', mas não foi capaz de confirmar a liquidação de 9927-Pretofilho devido à morte do líder da equipe, Agente Ukulele. Ukulele foi condecorado postumamente com o Égide de Prata por seu serviço vitalício para a humanidade.

Não se sabe se a entidade de ameaça possui quaisquer habilidades defensivas. Exterminar com extremo prejuízo.

O agente que se recusou a exterminar SCP-166, levou-o para um convento católico no Condado de Galway, Irlanda. Onde viveu até os 12 anos de idade, quando um visitante do convento acidentalmente testemunhou SCP-166 e relatou às autoridades. O agente então contatou a Fundação, concordando em compartilhar informações da GOC em troca da segurança garantida e contenção de SCP-166.

Detalhes adicionais são classificados.

Entrevista bissemanal do Capelão Davis

Bom dia, filha.

Bom dia, Padre.

Como sempre, devo lembra-lá de que, devido ao nosso ambiente, o sigilo da confissão não acontecerá a menos que seja especificamente invocado. Mesmo assim, os detalhes de nossa conversa podem ser desvendados se forem considerados essenciais. Compreende?

SCP-166 acena com a cabeça.

Excelente. Agora, como você está?

Bem. Um dos funcionários me falou sobre o Benedict ontem, isso é verdade?

Ah, sim, isso foi um tanto infeliz, mas faz sentido. Ele era bastante velho, mesmo quando assumiu o cargo. Agora ele pode descansar, sabendo que serviu bem à Igreja.

Você sabe quem irá substituí-lo?

A especulação abundou, mas pode ser qualquer um. Afinal, são tempos difíceis, com todas as recentes… controvérsias. Eles podem querer um rosto novo para representar a igreja, ou podem ir com um homem que dedicou anos de sua vida. Quem sabe, eles podem até escolher um homem da classe trabalhadora. Certamente daria às pessoas algo sobre o que falar.

Eu acho que sim.

SCP-166 e Davis ficam em silêncio.

Estou sentindo uma questão surgindo, filha.

Desculpa.

Não precisa se desculpar. Afinal, é para isso que estou aqui. O que é?

É só que queria te perguntar uma coisa, pensei que poderia ser um pouco pessoal. Eu estava pensando, você tem um bom relacionamento com seus pais?

Sim, com minha mãe. Antes dela falecer, eu a visitava uma vez por mês no asilo, além de seu aniversário e feriados. Disse a ela que era capelão servindo no exército, o que suponho que seja quase verdade.

E o seu pai?

Essa é uma questão um pouco mais complicada. Ele era um bom homem, um soldado que tinha três coisas que amava: Deus, o país e a família. Infelizmente, ele manteve essas convicções com bastante severidade, o que resultou em algumas… discussões acaloradas. Eu ainda o amo, mas assim é o melhor para todos.

Davis suspira.

E quanto ao seus pais? Eu sei que você morava no convento, mas antes disso?

Nunca os conheci de verdade, fui abandonada quando eu era bebê. Eu acho que eles devem ter conhecido as irmãs se eles me colocaram lá, mas não me lembro deles. Apenas o que eu consegui. Elas mencionaram um pouco da minha mãe, antes delas perceberem que deveriam prestar atenção no que dizem sobre mim. Eu acho que elas disseram algo sobre ela ser uma deusa? O que obviamente não seria verdade, ela deve ter sido algum tipo de espírito, mas ela deve ter sido alguma coisa pra eu acabar me parecendo assim.

SCP-166 gesticula para si mesmo.

Eu me lembro de escutar a abadessa, ela estava conversando com uma das outras irmãs sobre como ela havia feito algo errado, algo sobre um ritual que outra pessoa interrompeu. Eles disseram que ela morreu.

Sinto muito pela sua perda.

Não como se eu a conhecesse.

E o seu pai?

SCP-166 hesita.

Eu não sei. Deve ter sido ele quem me deixou no convento, mas por que lá? Por que ele não me levou com ele?

Tenho certeza que ele teve seus motivos.

Pode ser. Você sabe, elas nunca falaram sobre ele. Nem uma vez. Devo ter perguntado mil vezes à abadessa, mas ela nunca mencionou uma alusão a ele.

SCP-166 pausa.

Se minha mãe era tão horrível… o que meu pai fez?

[FIM DO REGISTRO]

Entrevista Disciplinar de [REDIGIDO]

[INICIAR REGISTRO]

O que diabos você estava pensando?

Eu queria ter certeza de que ela estava bem. Você não me deixou falar com ela. Eu peguei outro caminho.

O que você fez foi muito pior do que isso. Se você apenas se esforçasse para conseguir as amenidades dela, claro, eu poderia ignorar isso. Mas então você tenta dar a uma anomalia de classe 4 uma linha telefônica para o mundo exterior- Que droga. O conselho já não gosta que você trabalhe no mesmo local que ela, se isso vazar, você pode dar um beijo de despedida em qualquer acordo que tenha feito.

Qual é, Sophia! Ela é inofensiva. A única razão pela qual ela está lá é por minha causa. Eu tinha que fazer alguma coisa. A Fundação iria deixá-la crescer pensando que ela-

Antes de dizer outra palavra, lembre-se de que isso será público para todos com uma autorização de classe 4. Posso redigir seu nome, mas não posso impedir as pessoas de juntar as peças de uma explosão inoportuna.

[REDIGIDO] permanece em silêncio.

Dezesseis anos. Dezesseis anos em que ela não conseguia andar pela cidade, ou ver um filme, ou apenas fazer compras. Não importa se ela está em um convento ou em uma cela da fundação, ela está sendo presa por algo que ela não teve escolha. Tudo por minha causa. Não é justo.

Eu sei.

E não posso fazer nada a respeito. Eu poderia mandar uma equipe de assalto para qualquer lugar do mundo, conheço segredos pelos quais as pessoas mais poderosas do mundo pagariam bilhões, mas não consigo nem ao menos falar com ela, deixá-la saber que ela não está sozinha.

Você fez o melhor que pôde. Muito mais do que qualquer um poderia esperar de você em uma situação impossível.

Engraçado como isso faz pouca diferença. Eu-

[REDIGIDO] cai em silêncio.

Você sabe, eu não me importo. Apenas deixe-me escrever. Vamos acabar logo com isso.

…Estou agendando você para seis sessões de 2 horas com um psicólogo da Fundação, vou garantir que seja o Glass. Ele assina no final do mesmo, nós podemos expurgar isso do seu registro.

Mhm.

[REDIGIDO].

Sim?

…

…Sim, Eu sei. Obrigado, Sophia.

[FIM DO REGISTRO]

Em 05/08/2013, a seguinte nota foi descoberta dentro da área de contenção de SCP-166.

████,

Conheci sua mãe quando éramos pouco mais do que crianças. Ela tinha cascos pelos pés e a luz das estrelas nos olhos. Ela era a beleza e a natureza encarnada, e eu a matei com minhas próprias mãos.

O Éden não é um lugar. É um estado de ser. Eles queriam nos levar de volta, e eu os impedi. Eu tirei o paraíso de nós pela segunda vez. Nunca me arrependi dos meus atos naquele dia, exceto de um: de que quando você me conheceu naquele dia, você viu seu pai colocar uma bala na cabeça de sua mãe. Não darei desculpas, apenas explicações. Você pode nem ter se lembrado, mas estou lhe contando agora, na esperança de que você entenda por que eu fiz aquilo. Eu espero que me perdoe.

Eu te amo. Gostaria de poder ter feito mais por você. O melhor que pude foi deixá-la nas mãos de pessoas bondosas e amorosas, e torcer para que elas a criassem em meu lugar. Pelo que vejo, elas fizeram bem esse trabalho. Sinto muito por não te deixarem continuar com elas. Sinto muito por terem te trazido para este lugar. Eu prometo me esforçar ao máximo para garantir que sua estadia aqui seja agradável. Eu prometo mantê-la a salvo.

Feliz aniversário de dezesseis anos,
De seu amoroso pai.